A rotina e a estagnação social - Banco de redações

Sinto como se nunca mais fosse ter forças pra acordar, cheguei a desejar isso. É como se a vida nunca mais fosse voltar a ser feliz; a última gota de alegria foi substituída por um torpor capaz de levar mares consigo. Sinceramente, não sei o que fazer para arrancar essa indiferença vil. Essa rotina que tanto me faz mal. O estímulo para aguentar e enfrentar o espelho de todas as manhãs parece que se esvaiu definitivamente. A dissimulação para esconder isso quase não suporta mais o peso que carrega.

Minha vontade de esconder e fazer como se fosse algo inescrupuloso e horrendo, faz com que doa tanto nos dias de chuva onde os olhos se escondem debaixo do matiz de cores do computador, onde os jogos “multiplayer” substituem minha vida. Confundo realidade com o virtual. Não consigo mais sair disso! Acordo e tomo meu café pensando no computador. E é pra lá que eu vou até a hora do almoço. Almoço pensando em voltar. E volto até a janta. Depois de jantar, passo a noite no computador.

Sinto-me como um autômato enferrujado pelo tempo. Se eu pudesse, tomava remédios para dormir por dez dias se resolvesse; se adiantasse algo fugir... Mas nada além da covardia isso me dará. Nada além do sentimento de adiar e da incapacidade de bater de frente como sempre consegui, ou pensei conseguir... Fui manipulado por uma máquina que detém toda a minha atenção, e não consigo fugir... Mesmo tendo a consciência de que isso me faz mal.

Todos meus amigos hoje são virtuais. No começo foi encantador; tinha encontrado pessoas com os mesmos gostos que eu, os mesmos interesses... Fez com que meus amigos parecessem tão ínfimos, tão diferentes de mim... Hoje os afastei por algo que nem existe de fato. Por pessoas que nunca conhecerei!

Ah, como dói isso, essa sensação de fragilidade dominada por uma proteção involuntária de agressividade massificadora, que me espreme. Como me sinto um idiota em saber que rodo, rodo, rodo, e acabo sendo levado pela rotina e mesmice.
Largo de ti diário, para dormir e acordar na rotina...