Sou brasileiro, do país do futebol

Torcida deixa de ser coadjuvante nos estádios para ser protagonista de atos vergonhosos.
Em 15/09/2014 17h55 , atualizado em 18/09/2014 13h59 Por Rafael Batista

Goleiro Aranha reclama dos xingamentos com a arbitragem
Goleiro Aranha reclama dos xingamentos com a arbitragem
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Uma onda de famosos comendo banana invadiu as redes sociais no final do mês de abril deste ano. As imagens foram compartilhadas como forma de apoio ao jogador Daniel Alves que foi vítima de um ato racista durante uma partida de futebol na Espanha. Um torcedor do clube espanhol Villarreal atirou uma banana no gramado no momento em que o lateral-direito realizava uma cobrança de escanteio. O jogador, que defende o Barcelona, não hesitou em pegar a fruta e comê-la durante o jogo.

O assunto tomou uma repercussão muito grande na internet e chamou atenção de autoridades do mundo inteiro. A campanha “Somos todos iguais” promovida nos estádios do Brasil pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) ganhou ainda mais força. Nas redes sociais a ação ganhou novo slogan com a frase “Somos todos macacos”.

No entanto, o assunto racismo no futebol não parou por aí. Recentemente, uma torcedora gremista foi flagrada por câmeras de uma emissora de TV chamando o goleiro do Santos de macaco. O xingamento causou a revolta do jogador santista e conseguiu a atenção do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). O Grêmio de Porto Alegre foi punido com a exclusão do Copa do Brasil.

A torcedora, ao lado de outros que o clube conseguiu identificar, foi indiciada por injúria racial e pediu perdão durante uma entrevista coletiva. Diante da imprensa a jovem afirmou que tudo aconteceu no calor do jogo. A questão é, se estamos no país do futebol e uma derrota provoca reações tão criminosas quanto essa, que esporte é esse que incita uma onda de violência?

Os atos de vandalismo não ficaram só nas ofensas racistas. A casa da torcedora também foi incendiada após a reverberação do caso. Outro questionamento se levanta, o vândalo que provocou o incêndio seria um justiceiro que condena a atitude da jovem ou um gremista fanático revoltado com a exclusão do clube da competição?

Olhando esta situação e a onda de destruição provocada por torcedores depois dos grandes clássicos do futebol brasileiro (isto é assunto para um outro artigo) é preciso rever o conceito de País do Futebol. Será que o futebol e suas consequências realmente representam a cultura brasileira? Se é verdade resta-nos abaixar a cabeça ao assumir nossa nacionalidade.