Abordagens sobre a Conquista da América no Enem

Neste texto são apresentadas algumas possíveis abordagens sobre a Conquista da América no Enem, bem como é oferecida a análise de uma questão de 2013 sobre tal assunto.
Por Cláudio Fernandes

Pirâmide do Sol, em Teotihuacán
Pirâmide do Sol, em Teotihuacán
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Olá, pessoal! Tudo certo?!

As provas do Enem já se aproximam, por isso trazemos hoje uma dica sobre um acontecimento específico da História da América que sempre é abordado no exame. Trata-se da conquista da América. Esse evento foi o ápice do contato entre a história do chamado “velho mundo” (a Europa, Norte da África e Ásia) como a do “novo mundo” que havia sido descoberto, ou com o mundo da América Pré-Colombiana

Há numerosas discussões a respeito desse tema, com várias interpretações diferentes. Há aquelas  que evidenciam o extermínio das civilizações que habitavam as regiões do México, Guatemala e Peru (como os astecas, maias e os incas) por parte dos espanhóis e outras que evidenciam a crueldade dos rituais de sacrifício que essas mesmas civilizações perpetravam contra seus inimigos nativos. A despeito do viés interpretativo que cada historiador (ou antropólogo) reclama para sua análise, ambas as características citadas são verdadeiras e, assim sendo, é importante ter um domínio desses fatos que caracterizam o início da História da América. 

Nesse contexto, é importante levar em conta a impressão que os europeus tiveram das monumentais construções das civilizações pré-colombianas, bem como da forma de organização social e econômica desses povos. A capital do império asteca, Tenochtitlán, por exemplo, comportava mais de 200 mil pessoas, sendo uma das maiores cidades do mundo em 1519, data em que o conquistador espanhol Hernán Cortés lá esteve. Os adornos e utensílios feitos de ouro que os astecas traziam consigo também impressionaram bastante os europeus, já que um de seus objetivos era a busca de metais preciosos. 

O papel dos missionários jesuítas da Igreja Católica também foi fundamental nesse contexto. O processo de catequização e evangelização dos nativos da América, bem como sua posição contrária à violência deflagrada pelos conquistadores, é um dos temas potenciais que integram provas de vestibulares e do Enem. 

Com relação ao tema da conquista da América, houve nesse processo sobretudo um choque entre civilizações, choque esse que produziu um trauma que sempre retorna em vários momentos da história, tanto europeia quanto americana, como fica patente no trecho seguinte de Leslie Bethell:

“O trauma da conquista não se limitava ao impacto da chegada do homem branco e da derrota dos antigos deuses. O governo espanhol, ao mesmo tempo em que fazia o uso das instituições nativas, realizava sua desintegração, deixando apenas estruturas parciais que sobreviveram fora do contexto relativamente coerente que lhes dava sentido. As consequências destrutivas da conquista afetaram as sociedades nativas em todos os níveis: demográfico, econômico, social e ideológico.” (BETHELL, Leslie. [org.] América Latina Colonial. v. 1. São Paulo: Edusp, 1998.) [1] 

Observem, agora, a questão de número 06 da prova de Ciências Humanas e Suas Tecnologias do Enem de 2013. A alternativa correta está marcada na cor verde:

Questão do Enem de 2013 que abordou o tema da resistência asteca à conquista espanhola
Questão do Enem de 2013 que abordou o tema da resistência asteca à conquista espanhola 

A questão está estruturada a partir dos versos de um canto asteca registrado na obra “História da América através dos textos”, que foi organizada pelo historiador Jaime Pinsky. A questão exige que o candidato identifique, entre as alternativas apresentadas, aquela que se relaciona ao sentido da mensagem transmitida pelo canto. 

Observem que o canto descreve um cenário de desolação após uma batalha, mencionando inclusive o rastro de sangue nas águas, como pode ser lido no verso “Vermelhas estão as águas, os rios, como se alguém as tivesse tingido”. As cinco alternativas apontam para as consequências relativas à conquista espanhola, o que torna difícil a escolha da alternativa correta. Entretanto, os dois versos finais (“Nos escudos esteve nosso resguardo,/ mas os escudos não detêm a desolação”) dão um tom  triste que revela frustração do povo asteca em não conseguir repelir o inimigo externo. A letra B, por apontar exatamente essa característica, é a alternativa correta. 

Portanto, fiquem atentos à interpretação de textos semelhantes a esse, sobretudo quando estiverem relacionados com o conflito entre culturas e civilizações. 

Bons estudos e preparem-se para fazer uma boa prova!!


NOTA:
[1]: BETHELL, Leslie. [org.] América Latina Colonial. v. 1. São Paulo: Edusp, 1998. In: BRAICK, Patrícia Ramos; MOTA, Myriam Becho. História: das cavernas ao terceiro milênio. São Paulo: Moderna, 2007, p. 212.