Norma culta e norma popular no Enem

Conhecer a importância da norma culta e da norma popular no Enem é requisito indispensável para não errar nas questões sobre variedades linguísticas.
Por Luana Castro Alves Perez

As variações linguísticas são representadas pelos dialetos e registros do português. O tema é presença certa na prova de Linguagens e Códigos do Enem.
As variações linguísticas são representadas pelos dialetos e registros do português. O tema é presença certa na prova de Linguagens e Códigos do Enem.
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Conhecer as variedades linguísticas representadas pelos diferentes dialetos e registros é uma das competências previstas na matriz de referência do Enem. O tema, em virtude de sua relevância histórico-cultural, é presença certa na prova, por isso, o candidato deve ficar atento para não errar nas questões relacionadas com a norma culta e norma popular no Enem. Para mostrar a importância das variedades padrão e não padrão no Exame Nacional do Ensino Médio, o Vestibular Brasil Escola preparou para você mais uma dica de Linguagens e Códigos. Vamos aos estudos?

Os diferentes dialetos e registros representam as variações linguísticas no português brasileiro e devem ser considerados no estudo da língua: é preciso eliminar a concepção ultrapassada que classifica os falantes entre aqueles que falam “corretamente” e aqueles que falam “errado”. As variedades padrão e não padrão devem ser respeitadas e seu uso condicionado ao contexto comunicacional no qual o falante está inserido, ou seja, cada situação pede desse falante um comportamento linguístico específico: você, ao escrever sua redação para o Enem, certamente adotará a norma culta, evitando assim dialetos e gírias (marcas do coloquialismo), da mesma maneira que fará escolhas linguísticas informais em suas relações cotidianas com família e amigos.

Observe como a questão da adequação linguística já foi abordada na prova de Linguagens e Códigos do Enem:

Questão 127, Enem 2010:
(Abordagem sobre a norma culta)

Venho solicitar a clarividente atenção de Vossa Excelência para que seja conjurada uma calamidade que está  prestes a desabar em cima da juventude feminina do Brasil. Refiro-me, senhor presidente, ao movimento entusiasta que está empolgando centenas de moças, atraindo-as para se transformarem em jogadoras de futebol, sem se levar em conta que a mulher não poderá praticar este esporte violento sem afetar, seriamente, o equilíbrio fisiológico de suas funções orgânicas, devido à natureza que dispôs a ser mãe. Ao que dizem os jornais, no Rio de Janeiro, já estão formados nada menos de dez quadros femininos. Em São Paulo e Belo Horizonte também já estão se constituindo outros. E, neste crescendo, dentro de um ano, é provável que em  todo o Brasil estejam organizados uns 200 clubes femininos de futebol: ou seja: 200 núcleos destroçados da  saúde de 2,2 mil futuras mães, que, além do mais, ficarão presas a uma mentalidade depressiva e propensa aos exibicionismos rudes e extravagantes.
Coluna Pênalti. Carta Capital. 28 abr. 2010.

O trecho é parte de uma carta de um cidadão brasileiro, José Fuzeira, encaminhada, em abril de 1940, ao então presidente da República Getúlio Vargas. As opções linguísticas de Fuzueira mostram que seu texto foi elaborado em linguagem

a) regional, adequada à troca de informações na situação apresentada.
b) jurídica, exigida pelo tema relacionado ao domínio do futebol.
c) coloquial, considerando-se que ele era um cidadão brasileiro comum.
d) culta, adequando-se ao seu interlocutor e à situação de comunicação.
e) informal, pressupondo o grau de escolaridade de seu interlocutor.

Comentário da questão: Por se tratar de uma carta dirigida ao Presidente da República, o texto é elaborado em linguagem culta, ou seja, adapta-se ao seu interlocutor e à situação de comunicação.

Resolução da questão: Alternativa “d”. 

Questão 106, Enem 2013:
(Abordagem sobre a norma popular)

Até quando?

Não adianta olhar pro céu 
Com muita fé e pouca luta 
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer 
E muita greve, você pode, você deve, pode crer 
Não adianta olhar pro chão 
Virar a cara pra não ver 
Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus 
Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer!
GABRIEL, O PENSADOR. Seja você mesmo (mas não seja sempre o mesmo).
Rio de Janeiro: Sony Music, 2001 (fragmento).

As escolhas linguísticas feitas pelo autor conferem ao texto:

a) caráter atual, pelo uso de linguagem própria da internet.
b) cunho apelativo, pela predominância de imagens metafóricas.
c) tom de diálogo, pela recorrência de gírias.
d) espontaneidade, pelo uso da linguagem coloquial.
e) originalidade, pela concisão da linguagem.

Comentário da questão: Típica do rap, a linguagem coloquial é responsável por conferir o efeito de espontaneidade à letra da música. A linguagem coloquial está associada a um contexto informal de comunicação, portanto, a intenção da música foi reproduzir essa comunicação.

Resolução da questão: Alternativa “d”.